A IGNORANTE & O CENTENÁRIO
Profundamente lamentável a reportagem do programa “MAIS VOCÊ”, de Ana Maria Braga, em referência ao centenário de Juazeiro do Norte no dia 22 passado. A apresentadora começa a sua burrice geográfica com o convite: “Agora vamos viajar pro norte do país.”.
Juazeiro do Norte não fica no norte, mas sim no nordeste brasileiro, no sul do Ceará. Porém a aberração ignorante continuou. A matéria era sobre um juazeirense que há 25 anos havia deixado sua terra e nunca mais voltado. Era a homenagem do programa pelo Centenário de Juazeiro do Norte.
O repórter que acompanhou o cearense João Bosco do Nascimento Gomes sem maiores aprofundamentos sobre a cidade ao chegar pergunta se João sabia da existência do aeroporto, se sabia onde o pai do mesmo morava e assim foi até encontra seu pai, que não via há anos.
Mas a burrice de uma apresentadora de um canal de TV a nível nacional foi lamentável e com suas falas acabou por causar sentimentos de menos valia entre os juazeirenses. Senão vejamos!
Como o Sr. João foi encontrar seu pai em uma rua sem asfalto, na periferia, a brega Sra. Ana Maria Braga fez algumas afirmações no mínimo absurdas. A ignorante falou algo se referindo à pobreza da cidade, se apoiando nas cenas gravadas de poucas ruas da periferia e conclui que justamente por isto é que os nordestinos vêm para o sul, pois no nordeste se vê pobreza.
A brega ignora que o fluxo de nordestinos para o sul já não é o mesmo de séculos passados, havendo sim uma inversão deste fluxo, tal qual previsto pelo próprio Padre Cícero. Mas com tal colocação a apresentadora acaba por reforçar a crença de algo que já não é mais real. E o papagaio Louro repete, afinal ele não tem culpa das burrices dos outros.
Também durante a reportagem a Sra. Ana brega se refere à cidade somente com o nome “Juazeiro” por diversas vezes, creio que devido a sua ignorância geográfica não sabendo que Juazeiro é cidade da Bahia, vizinha de Petrolina e Juazeiro do Norte é no Ceará. Tal tratamento acaba por gerar confusão e alimenta ignorância também entre telespectadores menos atentos a tais detalhes.
A brega apresentadora também parece não ter noção do valor e importância do Padre Cícero na região e em todo o nordeste. Fala da cidade como sendo a “Terra do Padim..” .e mais nada e o papagaio Louro repete, coitado. Faz tal afirmação como se fosse uma referência sem significados, sem valores profundos, sem maiores destaques, A Sra. ignora lamentavelmente que Juazeiro do Norte é a 100ª cidade do Brasil; que Juazeiro do Norte é o maior centro de religiosidade da América Latina; que Juazeiro do Norte tem um importante centro universitário com mais de uma dezena de universidades; que Juazeiro do Norte tem em seu aeroporto importante papel por atender demandas de cargas e passageiros, além do sul cearense de outras regiões como do Pernambuco, da Paraíba e Piauí.
Juazeiro do Norte é forte polo industrial, comercial e de serviços a ponto de ser tratada como uma espécie de ‘capital’ do Cariri, região que envolve várias cidades do sul cearense.
É, a Sra. Ana com sua brega ignorância não se referiu a Juazeiro do Norte desta forma, mas sim valorizando algumas ruas sem calçamento e concluindo pela pobreza da cidade; como se fosse esta a única característica de uma cidade que como tantas outras tem seus problemas, como a capital paulista tem os seus junto a periferia e nas favelas. Mas quem não conhece Juazeiro do Norte e ouviu a fala brega desta apresentadora vai ficar com a conclusão desprezível, preconceituosa e irresponsável para quem está diante de um canal com audiência nacional. Né! Louro?
Outra omissão lamentável, justamente na matéria em homenagem ao centenário de Juazeiro do Norte, foi quanto a Padre Cícero em passant como se o mesmo não tivesse nenhuma representação significativa em relação à própria cidade que tem sua história e seu desenvolvimento ligado a figura de Padim. Ela e nem seu Louro sabem da importância de Padre Cícero quanto aos aspectos: religioso, cultural, folclórico e político. Creio que ela e nem seu Louro sabem que Padim foi escolhido como o “Cearense do Século”. Pena. Quanta bobagem numa homenagem!
Cabe então a Sra. Ana Maria Braga uma retratação. Não a mim, pois eu não tenho importância alguma para seu programa. Mas cabe sim a toda a população juazeirense, ferida em sua auto-estima, alvo de preconceitos e conceituações indevidas. Creio que a melhor forma seria uma nova reportagem, pode ser com o próprio João Bosco, mas mostrando a cidade em seu todo, histórico, cultural, folclórico, religioso, educacional, industrial, comercial e geográfico.
E outra dica diante de uma nova reportagem é consultar instituições juazeirenses, tem uma centena delas disponíveis. Ou também consulte a Escola de Samba do RJ a Tradição e em São Paulo Escola de Samba de Vila Albertina, ambas tem muitas lições a ensinar. E em última hipótese consulte o Google, como faço diante de minhas ignorâncias.
Aí sim a Sra. estará fazendo a devida homenagem a JUAZEIRO DO NORTE e o seu papagaio Louro José certamente irá aprovar e aprender muito da cultura nordestina.
Fica aqui este registro cheio de indignação, insatisfação, rejeição e ironia sim, não nego! Quem sabe assim as outras homenagens ás cidades brasileiras não terão como conotação o oportunismo pela audiência, jogando irresponsavelmente preconceitos, rótulos inadequados, visões simplistas e asneiras globais aos telespectadores.
Este desabafo é reflexo de outras tantas vozes também indignadas pela qualidade e nível de homenagem ao Centenário de Juazeiro do Norte feito por um programinha que foi sim pobre na essência, preconceituoso e desprezível para o centenário juazeirense.
Ah! Eu quem sou? Eu não sou cearense, nem nortista e nem nordestino. Sou um simples caipira paulista, porém orgulhoso de ser recebido com carinho e respeito em Juazeiro do Norte, onde tenho uma pequena parcela de contribuição e valor para com o desenvolvimento juazeirense, mas que anda saturado diante de tantas ‘papagaiadas’ televisivas.
Autor: Tito, psicólogo (Tito Oliveira)
Abaixo outra visão:
Amigos do Juazeiro do Norte.
Utilizo desta tribuna para falar um pouco do Programa Ana Maria Braga.
Assistir via Internet mais de Ttrês vezes e achei a reportagem muito real, muito pura e com a finalidade de mostrar a realidade do Nordeste. Existe uma tendência do autóctone vangloriar a sua cidade pelo simples fato de desconhecer outras regiões, basta uma viagem virtual por Campina Grande, Caruaru, Vitória da Conquista, Itabuna, Barreiras, Luiz Eduardo, Petrolina, Imperatriz, Santarém, Mossoró, Ilhéus, Jequié, Sobral, Camaçari e outras cidades metropolitanas de médio porte para encontrar desenvolvimento, progresso e uma grande concentração populacional em detrimento do esvaziamento das suas coirmãs vizinhas.
A televisão mostrou sim Juazeiro do Norte, a real Juazeiro do Norte, a cidade típica do nordeste que cresce para alguns, cresce para os apadrinhados. Não é diferente de todas as metrópoles de médio porte. O que se vê hoje em Juazeiro é uma cidade ainda sem um plano sustentado de crescimento, o que se vê é uma cidade muito boa para alguns,para os que se apegam aos dirigentes em qualquer escala, condição sine qua non para quase vitória em eleição futura.
A apresentadora falou da cidade, da distancia para a capital Fortaleza, da pobreza do Nordeste, da falta do sagrado emprego sustentado desligado da dependência política, falou do não progresso de um povo no exercício da cidadania, falou do centenário da cidade e como nada de importante ou relevante encontrou para falar deixou em albis, preferiu o silêncio.
Acho que foi ao ar a Juazeiro nua e crua, a Juazeiro do Norte que necessita ser vista pelos poderes públicos,principalmente pelo Federal. Juazeiro do Norte precisa de equipamentos que sejam propriedades do povo, como mais escolas Federais,principalmente nos Cursos Técnicos Profissionalizantes e Cursos Superiores gratuitos e noturnos.
Seria bom que a Prefeitura, o Estado e a União analisassem o vídeo e ouvisse o apelo da apresentadora que sutilmente demonstrou a real Meca do Cariri, falou com imagens.
Juazeirenses, crescer não é aumentar a população, crescer é melhorar nos índices de Saúde,Educação,Moradia , Segurança e de Nutrição.
Obrigado ao amigo de São Paulo que foi feliz em lembrar da nossa Juazeiro do Norte, mostrou que conhece a nossa metrópole e seria esta a parte que o amigo queria assistir, mas cabe à televisão mostrar exatamente o lado mais fraco, o lado abandonado, o lado distante da vitrine progressista.
Ainda ontem um vendedor de panelas de alumínio me falou “amigo ,em Juazeiro não se constrói é cem casa por dia não amigo,se constrói muito mais de cem, se constrói muito mais,muito mais”. Veja a ênfase dada ao crescimento populacional e urbano,agora :e a urbanização sustentada,a saúde garantida,a educação irrestrita,o emprego solidificado,concreto e seguro.
Agradeço a apresentadora a bela matéria e conclamo aos dirigentes um pouco mais de força na atual desprendida . Que tudo seja mostrado às pastas que cuidam do assunto,que as autoridades acionem ainda mais o poder central em prol desta metrópole que precisa crescer com sustentação. Juazeiro do Norte necessita de um plano diretor, precisa de uma lei que ordene a utilização do solo que já é muito pouco. Juazeiro do Norte é uma cidade plural, é uma colcha de retalho da amostragem populacional do Nordeste, Juazeiro do Norte é constituído de um pedaço de cada Estado e cresce desordenadamente. Parabéns Ana Maria Braga e que mais reportagens sejam feitas em prol da nossa querida Juazeiro do Norte ,terra do meu Padim.
Um abraço do amigo Iderval Reginaldo Tenório, juazeirense, Salvador, BA
Fonte: blog do Juaonline
Nota: Segundo o programa Jornal da Tarde, do radialista João Hilário, a produção do Mais Você enviou mensagem esclarecendo que a matéria não foi exibida na íntegra devido a falta de tempo. Coincidentemente, a pior parte foi ao ar, e ainda houve os comentários infelizes da apresentadora.
Direito de resposta da TV Globo:
Sabemos de todo o valor histórico e cultural que Juazeiro do Norte tem, não só para a região como para todo o Brasil, e exatamente por esse motivo é que decidimos fazer uma matéria sobre o centenário da cidade. A matéria sobre Juazeiro do Norte foi tratada com o maior cuidado e carinho, não só na parte da reportagem realizada em SP e Juazeiro do Norte como no trabalho de edição também. O VT ficou tão interessante que dividimos em algumas partes mas infelizmente o programa "entrou" o tempo por conta do quadro Super Chef, e boa parte da matéria, especialmente a que foi gravada em Juazeiro do Norte, acabou sendo cortada.
Todos nós também sentimos muito pela matéria não ter entrado na íntegra e entendemos a frustração de vocês. Mas você, que trabalha com divulgação, sabe que esse tipo de coisa acontece em televisão, especialmente quando o programa é ao vivo. Temos certeza que teremos oportunidades ainda este ano de mostrar Juazeiro do Norte.
Silvia Lourenço - Mais Você.
Resposta de Tito Oliveira:
“Em referência ao Direito de Resposta do programa “Mais Você” publicado em alguns sites fica mais exposta a fragilidade e até a falta de competência ao tentar explicar a mediocridade apresentada quando da “homenagem a Juazeiro do Norte”.
O teor do texto não convence e deixa transparecer uma tentativa de ‘enfiar goela abaixo’ algo indigesto, aproveitando a desculpa do estouro do tempo do Super Chef. Outra incoerência, me parece, é achar que embora o VT tenha ficado tão interessante, segundo palavras da produtora do “Mais Você”, foi mais interessante dar tempo a uma outra parte do programa em detrimento à reportagem que homenageava o Centenário de Juazeiro do Norte. Insustentável argumento.
Daí me sinto novamente provocado, enganado e tratado com certa imbecilidade, tal qual creio ser também os sentimentos de milhares de juazeirenses e nordestinos, é só prestar a atenção nos comentários de blogs e sites que abriram espaços para manifestações.
Se em matéria anterior qualifiquei o desempenho relativo a citada reportagem como absurdamente inaceitável, lamentável, preconceituoso e ignorante; não o fiz para obter índices de audiência, nem mesmo para alimentar um quadro de frustração generalizado e muito menos qualificando pessoas.
Mas o fiz sob uma visão dura e crua, sim; mas para apontar omissões, asneiras e até um certo oportunismo e deboche diante de um momento histórico-cultural importante, nos seus vários focos, que poderia e deveria ser tratado com a devida competência no enriquecimento da nossa brasilidade.
Agora, vir a público, justificar que nas programações em TV ‘isso acontece’, acho muita fragilidade para justificar uma omissão, desvalorização e distorção quanto ao tema da forma como foi tratado e agora justificado.
Conheço o meio televisivo através da participação, em tempos passados, no programa “Mulheres em Revista”, com Claudete Troiano, além de outros canais de TV e Rádio, então assumo esta assertiva, sem qualquer vinculação político-partidária, independente de minha formação profissional, enquanto exclusivamente um mero cidadão brasileiro, que não compactua com posturas preconceituosas, não tem o hábito da omissão, ciente da possibilidade da imperfeição e muito menos temendo eventual retaliação.
Para finalizar esta manifestação tenho um convite a todos que enviaram comentários e também aos demais que participaram nos sites, blogs e programas de TV; faça a sua parte enquanto cidadão com a máxima dignidade e para tal creio que um caminho legal é conhecer profundamente a vida, falas, posturas e ações de autoridades entre outras como: Padre Cícero Romão, Paulo Freire, Professor Hermogenes Filho, Patativa do Assaré, o cantador Luiz Vieira, o Mestre Ariano Suassuna, o fazedor de bonecos Mestre Vitalino, o revolucionário musico - cultural Catulo da Paixão Cearense, o Rei do Baião Luiz Gonzaga, a "A Águia de Haia" Ruy Barbosa, o Anjo baiano Irmã Dulce, o já lendário Seu Lunga, o capitão do cangaço Lampião, a Mestre da Cultura Dona Tatai com sua Lapinha Santa Clara, o amado Jorge Amado, o ‘dono’ da mulher rendeira Zé do Norte e muitos outros, que a minha vã ignorância não permite registrar.
Ao cumprir este convite, desenhe, escreva, pinte, borde e transborde teu saber no dia-a-dia, use os sites, blogs e até Ipod, mesmo que alguém se incomode, para assim comemorar por muito tempo ainda o Centenário de Juazeiro do Norte, com muito mais dignidade e sabedoria, com muito menos manipulação e menor submissão, colaborando assim para a construção permanente da brasilidade desta nação. Salve! Salve!”
Tito-Francisco Henrique de Oliveira
(sem doutorado, sem mestrado, mas arretado quando provocado)