Depois da reportagem do Mais Você e os comentários de Ana Maria Braga mostrando um Juazeiro de miseráveis, agora a cantora evangélica Ana Paula Valadão escreve em seu blog:
Estar em Juazeiro do Norte para entronizarmos Jesus sempre seria um motivo de alegria. Mas, desta vez, a nossa ministração tinha um gosto de conquista ainda maior para toda a Igreja do Senhor Jesus. Fomos convidados pela prefeitura da cidade, para encerrarmos 3 dias de celebração do centenário da cidade. Na verdade, seria o 1º dia do novo centenário, e isso significava muito em meu coração. O cenário do interior nordestino, uma cidade de 250 mil habitantes, com apenas 10 mil evangélicos, e de uma história bastante resistente à nossa mensagem, fazia deste convite algo muito especial. Confesso que, enquanto me preparava para a viagem passei mal e senti medo. Ajoelhei-me aos pés da cama e pedi meu esposo para orar por mim. Meu pai também orou pela minha ida, e fui fortalecida, especialmente, quando ouvindo Senhor em meu coração: “Tenho um povo nessa cidade. Vá e encoraje-o!”.
Até hoje a Igreja evangélica ali sofre, na pele, algumas perseguições. Outro dia mesmo uma equipe de evangelistas apanhou em um culto ao ar livre que tentaram fazer em uma cidadezinha próxima a Juazeiro. São histórias e mais histórias assim, e nossa própria impressão ao orarmos por aquela viagem nos dava a certeza de que esta seria uma ministração especial em nossa trajetória até aqui.
Antes mesmo de viajarmos também experimentamos um pouquinho desta rejeição. A prefeitura, que estava patrocinando todos os eventos do centenário, não pôde depositar o dinheiro de nossas passagens. Um irmão em Cristo teve que pagar e será ressarcido pela prefeitura. No hotel onde nos hospedamos, enquanto a outra banda, do outro dia de show, estava com toda sua equipe hospedada na melhor ala, nós ficamos em quartos sem água quente, alguns com apenas um cano e não chuveiro, outro sem janela, apenas um buraco na parede. Estas coisas são pequenas e não desmotivaram nossa equipe. Pelo contrário, nos animamos muito em poder relembrar que estávamos ali por uma causa e missão muito maior que nosso conforto. Como lembrou nossa equipe, o que o Pr João Osmar sempre ensina no CTMDT: “A Causa será sempre maior e as dificuldades serão sempre menores!”.
Fomos buscados no aeroporto, e transportados do hotel para o local do evento, por irmãos da Igreja que nos serviram com muito amor. Algumas vezes, nossos técnicos tiveram que ir e voltar do hotel para o local do evento a pé, pois nenhum transporte foi provido para nós. Outra vez quero elogiar minha turma, tão disposta! Estávamos muito felizes, junto com os irmãos, pois já era um grande avanço podermos ministrar naquele Parque da Cidade, em um evento aberto, de entrada franca, como nunca havia acontecido antes em 100 anos de história!
Ao chegar ali, mais desafios. Na noite anterior, do show da outra banda, deixaram os camarins imundos e nós mesmos tivemos que limpar. Irmãos das igrejas e minha equipe faxinou o local, que tinha até fezes humanas na entrada do camarim. Parecia um recado bem claro de que não éramos bem vindos. Nem sequer uma cadeira deixaram ali para nós. Tiraram tudo. As cortinas do palco foram rasgadas. Vários detalhes da produção do evento, que tinham sido acordados, e que estavam presentes no show anterior, não foram cumpridos conosco. Por prudência nós levamos vários equipamentos desde BH, sem os quais teríamos que “juntar” o que as Igrejas tinham para tentar tocar.
Havia um palco paralelo, onde outras bandas também se apresentaram, e naquela noite, um cantor de forró evangélico, muito conhecido na região, o Felipão, estava preparado para tocar com sua equipe. A cena era muito triste. Aquele palco estava ainda pior que o nosso, de tanta imundície, e sem nenhum equipamento. Combinamos que eles tocariam depois de nós, no mesmo palco, e somamos forças, pois ele nos ajudou colocando uma cortina de luzes de LED que ajudou a tornar o palco mais bonito.
Na cidade algumas ações contra nós aconteciam no meio do povo. Pessoas influentes da cidade promoveram um abaixo assinado contra nossa visita. Uma TV local divulgou que não éramos bem vindos. O “tiro saiu pela culatra”. Muita gente ficou chateada com essa atitude e mesmo não sendo evangélicos muitos decidiram ir ao evento. Fomos chamados pela TV Globo para participarmos do jornal do meio dia. Temos a impressão de que esta foi ordem do Rio, pois a Som Livre, nossa distribuidora, que faz parte do grupo Globo, divulgou nossa vinda, e um dos compromissos deles conosco é tratar-nos com o mesmo respeito com que qualquer artista é tratado.
Fomos muito bem recebidos na emissora, mas a primeira pergunta que me fizeram, ainda nos bastidores, foi exatamente: “Como vocês se sentem sendo evangélicos, numa cidade tão católica?”. A entrevista nesta grande emissora foi uma oportunidade de falar para a cidade que estávamos ali com uma mensagem de paz, do amor de Cristo, que também somos cristãos e queríamos abençoar Juazeiro, como temos feito por onde passamos. Confesso que o clima era tenso, e que ao final agradeci a Deus por outra vez ter cumprido a promessa de que me daria a palavra ao abrir de minha boca, pelo Espírito Santo.
Diante de tantas adversidades não esperávamos muita gente. A intensidade de nossos louvores não dependeria disso, pois sabemos do poder de nossa adoração, mesmo quando ninguém, além dos céus, nos escuta. Aliás, em reunião com alguns pastores da cidade, quando orávamos na noite anterior ao culto, eles leram a Palavra de II Crônicas 20, quando Josafá e os israelitas louvavam à frente do exército e Deus pelejou por eles. Esta mesma Palavra me tinha sido dada em Natal, há exatamente 1 semana, na sexta-feira antes de nossa gravação. Nos regozijamos no Senhor, e profetizei que, assim como por 3 dias o povo de Israel recolheu os despojos, assim começavam 3 tempos de Deus, de conquista e tomada do despojo naquela cidade. Debaixo desta Palavra reafirmamos nossa compreensão do poder do louvor nos ares da cidade, ainda que não houvesse muita gente no evento.
Para nossa surpresa a Polícia confirmou que 40 mil pessoas estavam ali! Os pastores, unidos, oraram. Um grupo de dança reunido de algumas igrejas, dançou a música “Brasil” do Diante do Trono e foi muito emocionante ver aquele clamor de II Crônicas 7:14 subir aos céus naquele lugar. O Prefeito, apesar de muitas pressões contrárias, nos honrou e foi ao evento. Ali, ele fez uma oração que os pastores escreveram em um papel para que ele, como autoridade na cidade, pedisse perdão a Deus pelos pecados e entregasse Juazeiro ao Senhor Jesus. Foi muito importante este momento.
Conclusão: a falta de competência em organizar a grande festa do Centenário tem produzido vários estragos na imagem de Juazeiro do Norte.
É bom e é ruim ao mesmo tempo viver a sombra de um vulto histórico da envergadura do padre. Olha só:
ResponderExcluirOra, se Juazeiro é uma cidade acolhedora e cosmopolita, porque uma banda evangélica não seria bem vinda? Que eu tenha notícias, ninguém dessa banda ofendeu qualquer "dogma" católico. E nem o faria, por motivos óbvios, publicamente. Além do que só quem obedece e não questiona dogmas são os católicos romanos. Evangélicos não seguem nenhum, como erroneamente exposto em seu texto. Por mais que os evangelicos não aceitem os preceitos religiosos que levaram o padre Cicero ao lugar onde ele está, a cidade daria um exemplo de seu lado cosmopolita ao recebê-los. Ou não?
Lembrei-me agora da história dos adesivos dos táxis, quando algumas pessoas ao desembarcarem no aeroporto se recusavam - de forma fundamentalista, não tenho dúvida- a entrar nos carros com o desenho do sacertode pregado nas portas. Acho que, ironicamente, talvez, seja o preço de viver a sombra de uma figura mítica e religiosa. Tem o lado bom de todo o desenvolvimento material que impulsiona a região toda, não só a cidade. Mas há também esses "tropeços" chatos que vemos por aí.
Admiral
Crato-CE
Primeiro peço desculpas em relação ao termo dogma, usei a palavra errada. Segundo, é complicado incluir uma banda que é contrária à veneração da imagem do padre justamente numa festa na qual ele é maior símbolo. A cidade ainda não está preparada para estas situações. Em um evento normal, a polêmica não seria levantada. O texto na íntegra no blog da Ana relata um sentimento de perseguição e de missão para libertar Juazeiro da adoração de imagens. É difícil misturar questões religiosas!
ResponderExcluirO melhor seria fazer uma festa ecumênica, e não ficar "setorizando" os eventos, trazendo banda evangélica, showman católico...
ResponderExcluirConcordo plenamente.
ResponderExcluirPelo que li no texto escrito pela cantora evangélica Ana Valadão,não percebi alusão alguma à cidade como preconceituosa,porém vocês sim estão levando para o outro lado. Uma coisa deve ficar bem clara para todos...os evangélicos estão presentes em Juazeiro e isso deve ser muito respeitado.Não entrando na questão de importância ou não do padre cicero,mas a festa não foi feita para ele,como foi dito, e sim para a cidade de Juazeiro pelos seus 100 anos,então obviamente a população evangélica que não frequenta shows de forró merece sim o seu espaço,e merece o respeito e compreensão de vocês. Durante todo o show a cantora não criticou nenhuma vez a igreja católica,nem o padre. Aprendam com ela.
ResponderExcluirHá algum tempo leio este blog para me informar sobre o desenvolvimento de Juazeiro, mesmo morando no litoral e não tendo nenhuma ligação com a cidade. Nunca postei nada, mas diante do assunto em questão, não posso me omitir.
ResponderExcluirImagens, homens não merecem adoração e veneração alguma!
Só o SENHOR JESUS CRISTO (E ninguém mais) deve ser adorado e exaltado acima de tudo e todos. Pois só Ele morreu por nossos pecados para nos reconciliar com Deus. E só Ele ressuscitou vitoriosamente. O Padre Cícero (não conheço a sua história) pode até ser admirado e lembrado pelo que fez pela cidade. Mas venerá-lo, prestar-lhe culto é um engano; afinal foi um homem e, como tal, pecador. Infelizmente tem-se adorado essa figura, esquecendo-se Daquele que deu sua vida por nós numa cruz. E isso não é só em Juazeiro do Norte, mas em todo o Nordeste, sobretudo no interior.
Concordo plenamente com a Ana Paula: é inegável a rejeição à mensagem bíblica, evangélica que ocorre em Juazeiro. Que Deus mude essa situação. Vamos exaltar Jesus com nossos louvores, com nossa vida. A Ele a glória eternamente.
Prezado Daniel Carvalho, agradeço sua leitura do blog e espero fazer jus à continuidade de seu interesse pelo Cidade Juá. Respeito seu posicionamento, sua religião. A maior parte da população juazeirense é católica. A Igreja Católica permite a veneração dos santos e da Virgem Maria como intermediários para se chegar a Jesus. É uma tradição católica. Você tem sua posição, assim como os católicos tem as deles. O Pe. Cícero não é santo oficial da igreja, mas foi canonizado nos corações de gente simples e humildes que percorrem quilômetros para agradecerem ou pedirem bênçãos. Particularmente sou católico, mas não venero nem os santos nem o Pe. Cícero, embora respeito nosso padim como grande líder pacificador que foi na época de fundação de Juazeiro.
ResponderExcluirAo leitor anônimo, a postagem não é para desreipeitar os evangélicos ou boicotar qualquer manifestação pública, pelo contrário. Não gostei da programação com shows "setoriais", conforme o leitor Everardo afirmou, seria melhor uma celebração ecumênica, justamente para evitar estas polêmicas. Li o texto na íntegra, não publiquei todo pois era muito grande, mas deixei escrito o site. Pela minha impressão, ela se sentiu um pouco perseguida e injustiçada. Não queria que ela tivesse esta impressão da cidade. Em nome dos juazeirenses, peço desculpas por qualquer incômodo e que sempre seja bem vinda à terra do Pe. Cícero.
ResponderExcluirA Igreja Católica permite a adoração de imagens e de Maria, como você falou. Mas Deus não! A Bíblia (Palavra de Deus) condena tal prática. Não se deve recorrer a eles para se chegar a Jesus. E sim, nos aproximarmos de Cristo para termos comunhão com Deus.
ResponderExcluirVeja o que diz a Bíblia no livro de Atos 4.12: "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos."
E agora leia o que o apóstolo Paulo nos ensina em II Timóteo: "Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem."
A Igreja da maioria lamentavelmente coloca no mesmo patamar a sua tradição e a Bíblia (e as duas não se coadunam!).
Eu sei que estou fugindo do objetivo do blog, mas não posso deixar de proclamar esta verdade. Essas milhares de pessoas humildes, simples, que percorrem penosamente quilômetros e mais quilômetros para adorar seu "Padim" estão se enganando e sendo enganadas. Depositando sua fé em quem não é digno e nada pode fazer por elas.
Elas poderiam estar clamando e louvando o seu "Paizim" (o Deus Verdadeiro). E a Ana Paula veio justamente para declarar aos juazeirenses: "OLHAI PARA JESUS E SEREI SALVOS". Amém.
Paulo, continuarei lendo seu blog e torcendo pelo crescimento de Juazeiro do Norte.
Um esclarecimento: a postagem foi publicada para discutir a ineficiência da organização da festa do Centenário, que tem produzido vários estragos da imagem de Juazeiro. Para não entrarmos em discussões religiosas, que não é nosso objetivo, não publicarei mais comentários a respeito deste tópico, qualquer seja a sua natureza. Agradeço a participação de todos e peço a compreensão. Obrigado.
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