quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Romeiros cobram mais conforto

Desde o início do mês de setembro até o dia 15 Juazeiro do Norte recebe um intenso fluxo de fiéis vindos de todo o Nordeste, que se dirigem à cidade para homenagear a Mãe das Dores (Nossa Senhora das Dores, padroeira do município), pagar promessas ou cumprir uma espécie de ritual de vir à região ao menos uma vez no ano.

Em função destes visitantes, a cidade está se modificando. Mudanças físicas acontecem visando o bem-estar de romeiros e moradores. Alice Souza da Silva, de 67 anos, visita Juazeiro em romarias desde os 16 e é natural de Maceió (AL). Lembra que ao longo destes 50 anos, deixou de vir apenas oito vezes. Ao avaliar as mudanças no município, destaca que o trânsito está melhor e os romeiros podem se locomover mais facilmente nas proximidades da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores. Porém, lembra que antes era mais fácil comprar alguns utensílios na mesma região onde fica hospedada, o que mudou com a transferência dos vendedores para o Mercado dos Romeiros.

Os romeiros reclamam da falta de água no município e de assaltos dentro das igrejas, durante as missas. No entanto, aqueles que frequentam a cidade há mais anos sentem a diferença. “Juazeiro era muito desarrumada, tinha muito lixo”, afirma João Severino da Silva, 69 anos, ex-comerciante residente em Pernambuco. Seu João está na cidade pela 16ª vez e lembra que a facilidade para encontrar alojamento também está maior. “Era muito difícil encontrar pousada. Hoje é uma em cima da outra”, completa.

Há cerca de dez anos, a maior parte dos romeiros vinha a Juazeiro e ficava alojada em ranchos, dormindo no chão e comendo mal. De acordo com o fisioterapeuta Paulino Costa, de 35 anos, o romeiro quer mais conforto, diferente do que se satisfazia com um armador e banheiro coletivo. Paulino trabalha desde 1987 em um estabelecimento que recebe romeiros na Rua Padre Cícero. O fisioterapeuta acredita que os romeiros que vêem hoje para as romarias são mais turistas que fiéis: compram no comércio local e tentam conhecer outras cidades da região, bem como parques aquáticos e estabelecimentos comerciais de renome.

Mesmo com tantas melhoras, dona Alice destaca que o melhor para os romeiros seria a existência de apoio à ida dos mesmos às celebrações. Ela acrescenta que os idosos não podem ficar muito tempo em pé, o que dificulta que os mesmos possam participar das missas campais. “Só deixo de vir quando a Mãe das Dores disser: você não pode mais ir”, diz dona Alice.

A fé no Padre é mais forte que os problemas da cidade. “Gosto de tomar dessa água mineral, só porque tem o Padre Cícero e depois não consigo jogar a garrafa no lixo”, confessa Janice de Oliveira, pernambucana que participa de sua segunda romaria. Independentemente dos problemas estruturais da cidade, grande parte dos fiéis nutre a vontade de vir morar em Juazeiro. Alguns acreditam que a cidade tem uma energia positiva. “Eu quero vir morar aqui, para ser enterrada no cemitério de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, finaliza dona Alice.

Fonte: site Miséria.

Um comentário:

  1. Com a participação do governo estadual na organização das romarias (Centro de Apoio e futuro Roteiro da Fé), o município finalmente consegue melhorar a recepção aos romeiros. Mas ainda falta muito. As romarias precisam ser planejadas constantemente, e com a participação inclusive da iniciatica privada.

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