quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Barreiras argentinas contra calçados: Cariri também é prejudicado

O Estado do Ceará contabiliza o maior prejuízo pela demora na liberação das licenças não-automáticas da Argentina, segundo informações repassados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Ao todo, são cerca de quatro milhões de pares que aguardam a documentação, dos quais 80%, ou 2,7 milhões, foram fabricados por empresas cearenses. O levantamento corresponde a dados contabilizados entre as 28 empresas vinculadas à associação até o último dia 14.

Por conta da barreira argentina, os industriais cearenses amargaram um prejuízo de US$ 23,1 milhões, o que representa 65% do faturamento nacional, que é de US$ 35,8 milhões.

Ausência gera perda
A situação se agravou por a produção brasileira não ter conseguido chegar no mercado do país vizinho no último dia 16 de outubro, quando lá é comemorado o Dia das Mães e, agora, paira a ameaça sobre também não poder disputar espaço nas prateleiras argentinas durante as festividades de fim de ano.

Estimativa da Abicalçados afirma que o Brasil poderá deixar de faturar cerca de US$ 100 milhões em 2011 só por conta dos impasses com o vizinho sul-americano.

Motivos
Informações colhidas pela associação do setor e jornais da fronteira dão conta de armazéns lotados de calçados que deveriam ultrapassar a fronteira com destinos às lojas do país vizinho.

Segundo especula-se, a barreira aos produtos do Brasil faz parte de uma estratégia do atual governo daquele país para agradar os empresários argentinos, que não terão a concorrência brasileira em datas importantes do comércio. As eleições presidenciais lá acontecerão domingo próximo, 23.

Desrespeito
De acordo o diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, existe um claro desrespeito por parte da Argentina, que não está cumprindo com suas obrigações no acordo entre ela e o Brasil, o qual determina a liberação das licenças em até 60 dias em troca da limitação no volume de calçados exportados de até 15 milhões de pares.

Atualmente, os produtos brasileiros estão esperando há mais de 200 dias para ultrapassar a fronteira e já rompem o volume pré-acordado, segundo Klein.

Sem confiança
Para Eduardo Bezerra, superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), vinculado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), "o argentino nunca foi confiável no cumprimento das cláusulas do Mercosul".

"A Argentina nunca utilizou o Mercosul como área de livre comércio. Ela utiliza de acordo com a conveniência dela", reclamou sobre a participação do país vizinho no Mercado Comum do Sul, no qual Brasil, Paraguai e Uruguai também tem acento.

Bezerra também argumentou que o país vizinho cria embargues aos produtos brasileiros a fim de blindar setores os quais eles consideram como proteção ao mercado deles, "esquecendo que subscreveram o Mercosul com outros países".

Sem saída
Sem alternativas à barreira, o superintendente do CIN afirmou que resta aos empresários cearense esperar uma intervenção do Itamaraty. "Não justificativa nem jurídica nem diplomática para isto", finaliza.

Perda
100 Milhões de dólares podem deixar de ser faturados por conta dos impasses com o país vizinho, afirma a Abicalçados.
Fonte: Diário do Nordeste.

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