Esquema de aterro sanitário. |
Depois de muitas idas e vindas, parece que finalmente decidiram o local do aterro sanitário da região do Cariri: será num terreno no limite entre Juazeiro do Norte e Caririaçu. Segundo reportagem do Jornal da Tarde, o governo do estado começará a construção no segundo semestre deste ano, depois de aprovar todas as licenças ambientais.
Preservando a área do aeroporto este local poderá ser adequado para receber o lixo das cidades e acabar de vez com os vários lixões. Em contrapartida, agora é que o Anel Viário será mais que do necessário, pois imaginem todos os municípios do Cariri enviando caminhões e mais caminhões pela Rua São Pedro e Rua Pe. Cícero!
Abaixo um texto sobre questões técnicas dos aterros sanitários:
Fonte: http://caroldaemon.blogspot.com.br
Um aterro sanitário é uma “instalação de eliminação utilizada para a
deposição controlada de resíduos acima ou abaixo da superfície natural”,
em que os resíduos são lançados ordenadamente e cobertos com terra ou
material similar. Existe coleta e tratamento do chorume e controle
sistemático das águas lixiviantes e dos gases produzidos; é realizado
monitoramento dos impactos ambientais durante a operação e após o seu
encerramento.
Esta é a diferença entre aterros sanitários e aterros controlados, onde
não há coleta e tratamento de chorume. A cobertura de resíduos
domiciliares com terra se destina a evitar a ocorrência dos ciclos de
insetos, não sendo necessária em resíduos industriais.
A destinação final dos resíduos sólidos pode variar muito. Desde a
incineração em instalações muito caras, capazes de atingir grandes
temperaturas, conforme se faz na Europa, até a destinação em aterros
sanitários, mais comum nos Estados Unidos.
Os motivos são simples de entender. Na Europa ou no Japão, por falta de
espaço para instalar aterros, as necessidades induziram o
desenvolvimento de tecnologias adequadas de incineração, ainda que muito
caras. Nos Estados Unidos, onde existe disponibilidade de espaço, as
soluções em aterros sanitários são mais comuns.
Um aterro sanitário é uma solução técnica que incorpora todas as
recomendações das boas técnicas e práticas de geotecnia ambiental
atualmente incorporadas nas engenharias sanitária e ambiental.
Trata-se da escavação de uma vala, em que a cota da superfície de fundo
esteja no mínimo 3m acima do lençol freático, que deverá ser revestida
com uma geomembrana (aquela lona preta plástica que muitas vezes é vista
em barracos para uso humano) chamada polietileno de alta densidade
(PEAD), que em geral tem espessuras de 1,5mm ou 2mm.
Para garantir a eficácia e eficiência do sistema de impermeabilização
que evita que os líquidos do lixo, chamados de chorume, se infiltrem
contaminando solos e água subterrânea, colocamos um colchão de areia e
um dreno chamado “testemunho” abaixo da lona plástica
impermeabilizadora. Este dreno é recolhido numa caixa de inspeção fora
da vala, e o objetivo é que sempre esteja seco, pois se apresentar
chorume significa que a lona foi danificada e precisa ser consertada.
Caso contrário não adianta fazer o aterro sanitário e não garantir sua
eficácia.
Acima da lona, são instalados filtros para expulsão de gases, como o
metano que se forma da fermentação da matéria orgânica, e um sistema de
coleta de chorume no fundo da vala, para envio deste líquido para um
instalação de tratamento do efluente.
Em aterros de classe IIA, realizados pelas prefeituras para
acondicionamento dos resíduos domésticos, raramente estes aterros tem
cobertura. Mas em ARIPs (Aterro de Resíduos Industriais Perigosos, que
são classe I), mantidos por empresas e instituições privadas para
destinação final de seus resíduos perigosos, estes aterros são
geralmente cobertos, para que o volume de chuvas não aumente a
quantidade de efluentes a serem tratados.
Tanto nos aterros públicos, quanto nos privados, sempre é feita uma
drenagem pluvial em superfície, com meia cana, por fora da escavação,
para impedir que as águas superficiais aumentem o volume de chorume a
ser produzido e tratado.
Toda água que percola (passa) através dos resíduos, sejam quais forem os resíduos, se torna contaminada e precisa tratamento.
E em ambos os casos são instaladas redes de piezômetros (que nada mais
são do que poços de coleta de amostras para controle), onde são
coletadas e analisadas águas em intervalos trimestrais. Isto é feito
para garantir que os aterros estejam sendo eficientes e não estejam
poluindo ou degradando solos e águas subterrâneas.
Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade
Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do
EcoDebate.