CAPÍTULO 01 - A chegada da FMJ
Antigamente obter o diploma de um curso superior, o famoso "canudo", não era uma tarefa fácil, principalmente para quem morava no interior. Com pouquíssimas faculdades, e a maioria concentrada nas capitais, jovens caririenses abandonavam o ambiente familiar para estudar na chamada cidade grande! Tempo de muito sacrifício em moradias com pouco conforto e noites mal dormidas. Tudo para passar no temido vestibular.
Na minha época, década de 90, embora já houvesse alguns cursos da URCA, era grande a quantidade de jovens que se dirigiam a Recife, Fortaleza, João Pessoa, dentre as mais comuns. Os que miravam algum curso da área de saúde, por exemplo, não tinham outra opção, visitas a Juazeiro e o Cariri só em período de férias ou feriados extensos.
Mas a situação foi mudando. Estava já cursando Odontologia no 8º período quando houve o início das aulas da FMJ. Meus próprios colegas já começavam a imaginar Juazeiro do Norte de uma forma diferente, pois até então pensavam que só havia a estátua do Pe. Cícero em um praça com algumas casinhas ao redor!
É claro que a discriminação continuava: não daria certo por aqui uma faculdade de medicina! Até numa intercorrência médica, quando fui atendido num hospital, quase que eu discuto com o médico que me atendeu, porque ele não aceitava a ideia da instalação da faculdade numa cidade do interior. - Que tipo de profissional será formado? Ele indagava. Como resposta apenas disse: - Só o futuro dirá!
O resultado todo mundo já conhece, a FMJ foi o grande estopim para a chegada de várias faculdades particulares e para todo este progresso hoje vivenciado. Pena que agora parte dos seus alunos sejam obrigados a estudar em outra cidade porque o hospital escola de Juazeiro, o Hospital Santo Inácio, fechou suas portas.
