Da
humilhação à consagração: um milagre aconteceu!
Daniel Walker
Antes de ser
o que é hoje, Juazeiro era tratado como: “vileza que nunca será vila”, “terra
de fanáticos e cangaceiros”, “cidade que nasceu sob o tropel do banditismo”,
“terra guiada por satanás”, “antro de banditismo”, “coiteira de Lampião”,
“tapera”, “lugarejo retrógrado”, “corja de bandidos, assassinos e desordeiros”,
“espécie de Sodoma e Gamorra”, “terra clássica de preguiçosos que ameaça de
extermínio, de destruição, saques e roubos a cidade de Crato”, “fim do mundo”,
“terra sem futuro”, “a vergonha do Ceará”, “terra de embuste”, “cidade
miserável”, “sede do bandistismo”, “ninguém no Crato dorme tranquilo tendo
Juazeiro como vizinho”, “cidade sem a
menor condição de ter um shopping”, “se tiver uma faculdade de Medicina esta
não dura um mês”, “cidade onde mora um cangaceiro de sotaina”, “terra de
hereges”, “terra amaldiçoada”, “caldeirão do inferno”, “terra dos falsos
milagres”... dentre muitos termos pejorativos, alguns proclamados categoricamente
por habitantes de Crato, Barbalha, Fortaleza e outros até por pessoas aqui
mesmo residentes, falsos juazeirenses hipócritas que não gostam daqui mas se
locupletam aqui. É o tal negócio: não gostam da cidade, mas gostam do que ela
dá. Mas o Juazeiro Centenário já deletou da sua memória os ataques dos seus inimigos gratuitos. E fez
mais, confiou na profecia do Padre Cícero (“depois da minha morte é que
Juazeiro vai crescer”) e o resultado que hoje exibe, ao completar 101 anos, é
que a vileza se transformou em vila e depois em cidade, uma grande cidade; o shopping deu tão certo que foi ampliado e
mais um está sendo construído; a faculdade de Medicina já tem mais de dez anos
e outra poderá funcionar brevemente; o polo universitário é o maior do interior
nordestino; o que era fanatismo hoje é turismo religioso; comércio e indústria
se expandiram; aqui não é o fim do mundo, mas um lugar de onde se vai de avião
para qualquer lugar do mundo; e o Padre sim, faz milagre de verdade, e Juazeiro
é um exemplo, e por fim, é bom, sim, muito bom mesmo, ter Juazeiro como
vizinho, pois aqui tem de tudo. Ou, como disse o Padre Cícero:
“Aqui
tem coisa que em nenhuma outra parte do mundo tem”.