Jovem cidade, rica história
Todos
sabemos que Juazeiro do Norte foi emancipado em 22 de julho de 1911. Mas, para
este fato acontecer houve uma série de episódios, os quais culminaram com uma
grande manifestação de amor e altivez por parte do povo juazeirense: a
proclamação da independência no dia 30 de agosto de 1910.
Naquele
início do século XX, Juazeiro já possuía uma população duas vezes maior que
Crato. Possuía também muitas casas, escolas, áreas de plantios diversos, e um
crescente comércio. Isto resultado da migração de milhares de romeiros atraídos
tanto pelo fenômeno do milagre da hóstia quanto pelos ensinamentos do Pe.
Cícero. No entanto, apesar de todos estes predicados, Juazeiro continuava sendo
apenas um simples povoado de Crato.
Cientes de
sua capacidade de construir e governar sua própria cidade, o povo juazeirense
começou a reivindicar a emancipação. Foram anos e anos de muitas discussões
políticas e tentativas de acordos diplomáticos. Tudo protagonizado
principalmente pelo Pe. Cícero, Dr. Floro Bartolomeu, José Marrocos e Pe.
Alencar Peixoto.
Mas todos os
esforços das autoridades juazeirenses esbarravam na teimosia e no capricho de
alguns políticos de Crato e Fortaleza, como o Cel. Antônio Luiz e o governador
Dr. Aciolly. Eles prometiam assinar a emancipação, mas quando chegava o momento
de cumprir a promessa, arranjavam uma desculpa e adiavam para o ano seguinte.
Depois de
esperar por vários anos e sempre se frustrando, o povo de Juazeiro se cansa e
decide proclamar a independência por conta própria. Continuariam a respeitar o
governador do estado, mas não pagariam os impostos para Crato. Milhares de
pessoas saem às ruas para festejar. Um grande desfile cívico é realizado.
Inspirados discursos das autoridades locais são aclamados.
É claro que
no primeiro momento os dirigentes cratenses não aceitaram a separação de
Juazeiro. Contudo, por intermédio da força política do Pe. Cícero, e pelo apoio
incondicional à causa juazeirense pelas outras cidades caririenses, como
Barbalha, Missão Velha e Milagres, finalmente a paz é estabelecida na região.
Diante deste
pequeno resumo histórico, podemos exaltar a grandeza do povo juazeirense, que
não permaneceu inerte e lutou, de forma pacífica e ordeira, pela emancipação de
nossa cidade.
E este espírito
guerreiro não pode ser esquecido com o passar dos anos. Por isso sugiro às autoridades
competentes a obrigatoriedade do ensino da História de Juazeiro nas escolas
públicas e particulares. Possuímos autores valorosos. Renato Casimiro, Daniel
Walker e Paulo Machado são alguns exemplos de uma rica constelação de autores e
estudiosos. Falta o poder público universalizar o acesso de seus livros aos
jovens juazeirenses.
Reconheço o
esforço de várias escolas e entidades em abordar esporadicamente o nosso glorioso
passado. Mas este ensino deve ser contínuo a fim de despertar a visão crítica dos
alunos diante da vida de nosso grande padrinho e patriarca Pe. Cícero e de
todos os heróis que contribuíram para o desenvolvimento ao longo das décadas de
existência desta jovem cidade.
A História
de Juazeiro é fascinante, e nos faz cada vez mais orgulhosos de nossa origem.
Dr. Paulo Leonardo Celestino
Cirurgião-dentista