Início do mês de setembro. O calor e a seca castigam o sertão
nordestino. A paisagem está árida, os galhos das árvores se encontram secos, a
carcaça exposta do gado morto serve de comida para os urubus, e o vento murmura
um silêncio desértico.
Mas algo
quebra este silêncio. Um cântico de benditos começa a ecoar nas estradas de
todos os sertões. Desde Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte até o
Piauí. Este cântico de fé vai atraindo a atenção da população dos sítios e das
pequenas vilas. Todos saem de suas casas para saber a origem daquela música. E
ficam maravilhados quando descobrem que são os romeiros do Pe. Cícero seguindo
viagem!
O destino
deles todos sabem: Juazeiro do Norte!
Os romeiros,
por sua vez, vão prosseguindo sua jornada de todas as formas. Pode ser de
ônibus, de caminhão pau de arara, no lombo de um jumento, ou mesmo a pé
carregando uma cruz como símbolo de uma graça alcançada. Não importa como
chegar. Por onde passam, eles são abençoados. São os legítimos representantes
da fé do povo nordestino. São agentes de uma corrente de simplicidade e
lealdade. E lá se vai a Caravana da Esperança!
Quando
finalmente chegam ao seu destino, a apoteose acontece! A cidade-santuário é
transformada numa babel de culturas, onde todos estão irmanados pela veneração
à Mãe de Deus e pela admiração ao Pe. Cícero.
Andando em
grupos, todos com chapéu de palha, lá vão os romeiros percorrendo todos os
locais sagrados. Em cada rosto castigado pelas agruras da vida, um olhar de
penitência e de êxtase. Afinal, eles estão na terra do padrinho, o patriarca
virtuoso que conseguiu, de uma forma jamais vista até hoje, transmitir a
mensagem positiva da Igreja sob a ótica do povo sertanejo. Pe. Cícero falava,
ensinava, repreendia... e as pessoas entendiam e vivenciavam! Por isso o
fascínio. Por isso o amor à Mãe de Deus, tão propalado por ele. “Rezem o
rosário todos os dias”, recomendava.
Finalmente,
ao chegar o momento da despedida do chão sagrado, as lágrimas são inevitáveis.
Contudo, há a certeza do retorno no próximo ano. Afinal, as romarias de
Juazeiro do Norte são o símbolo maior da força e da persistência de todo o interior
nordestino afilhado do Pe. Cícero Romão Batista.
Que Deus
abençoe a Caravana da Esperança!
Dr. Paulo Leonardo Celestino, cirurgião-dentista