quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Romaria de Finados: bagunça autêntica!

Labirinto de barracas nas romarias de Juazeiro do Norte.
Labirinto de barracas nas romarias de Juazeiro do Norte.



Juazeiro do Norte vive mais uma grandiosa Romaria de Finados. Os seus sinais estão por todos os lados. Romeiros chegam de ônibus, de caminhões pau-d’arara e até de bicicletas! Um ruge-ruge de chapéus de palha caminha pelas ruas centrais da cidade, camelôs nativos e de outras regiões ocupam as calçadas e as praças com suas barracas formando vários corredores labirínticos. O trânsito vai ficando cada vez mais caótico. O calor, insuportável.


Resumindo, trata-se de uma autêntica romaria juazeirense. Apesar da desorganização causada pelo aumento abrupto da população, a grande marca deste período de visitação religiosa é a sua espontaneidade.

O romeiro não se importa com o transporte desconfortável, com os ranchos precários ou com o Sol causticante. Claro que muitos reclamam dos gargalos da infraestrutura, mas nossos defeitos não são determinantes, senão as romarias não cresceriam todos os anos. O que importa para o romeiro é visitar a terra do seu padrinho.

Contudo, a bagunça tem o seu limiar de tolerância. E exatamente pela crescente grandiosidade das romarias, medidas para tentar organizá-las são necessárias. Questões como violência urbana e exploração econômica estão em pauta. Assaltantes se aproveitam do emaranhado de barracas para praticar seus furtos. Neste mesmo emaranhado pode haver ligações clandestinas de energia, e um pequeno curto-circuito levaria a uma tragédia. Ranchos cobram preços exorbitantes oferecendo um serviço inadequado a um público já carente.

Neste sentido, de melhorar as condições de recepção da cidade, governo do estado e prefeitura trabalham em conjunto. Várias obras e ações foram realizadas, mas ainda há muito o que fazer.

E é justamente nestas ações de organização das romarias onde reside mais um desafio para Juazeiro do Norte. Será que uma romaria organizada em excesso perderia a sua espontaneidade? Afetaria o seu lado místico tão consagrado pelos nordestinos em várias décadas? Creio que um meio-termo é possível, basta buscarmos exemplos como a preservação das raízes africanas em Salvador, ou a tradição do frevo em Olinda. Estas cidades souberam adequar sua cultura nesses novos tempos de turismo profissional.

Autenticidade com organização, meta a ser seguida pela Capital da Nação Romeira!

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