Usina Manoel Costa Filho |
Nos anos 80 e 90, quando eu era estudante dos antigos 1° e 2°
graus, sempre ouvia atentamente meus professores de História e Geografia
afirmarem que a cultura canavieira representava um dos símbolos do atraso da
economia brasileira.
Naquele tempo, convivíamos com a hiperinflação e os
sucessivos fracassos dos vários planos econômicos. O cultivo da cana-de-açúcar,
introduzido desde a época da colonização, e com pouquíssima tecnologia, denunciava
um país decadente e ultrapassado em relação às nações desenvolvidas e
industrializadas.
Contudo, com o advento do Plano Real, começa a reviravolta da
economia brasileira. Com a inflação controlada, o país inicia uma verdadeira
revolução no campo. Dono de uma imensa área cultivável, o Brasil fomentou a sua
vocação natural com a aplicação de novas tecnologias e se transformou num dos
maiores produtores agrícolas do mundo. É a agricultura, inclusive, que vem
sustentando nosso crescimento econômico diante de várias crises internacionais.
Neste contexto, a cana-de-açúcar vem exercendo crescente
papel de destaque, principalmente pela produção de etanol, o qual vai
conquistando o mundo como alternativa energética barata e não-poluente. Para se
ter uma ideia, segundo dados do Ministério da Agricultura, a cana ocupará o
segundo lugar no rol dos produtos agrícolas mais exportados neste ano de 2013.
Ou seja, o antigo patinho feio agora é “vedete” internacional.
E o nosso Cariri, com grande parte de sua história e cultura
relacionada com a produção canavieira, terá a oportunidade de tentar recuperar
o tempo perdido, desde o fechamento da Usina Manoel Costa Filho. Pela sua
aquisição junto ao governo estadual, a famosa usina de Barbalha voltará a funcionar. Esta
retomada certamente ganhará forças com a chegada da Universidade Federal do
Cariri, a qual terá como foco o desenvolvimento das potencialidades
da nossa região. Também com a finalização da Ferrovia Transnordestina, nossa
produção escoará facilmente para os portos de Pecém e Suape.
Com a união do saber e da tradição, nossos verdes canaviais
marcarão definitivamente seu lugar na produção agrícola do Brasil.
Paulo Leonardo Celestino