Você
acredita em destino? Que todos os acontecimentos já estão escritos nas páginas
do livro da vida? Ou crê na autonomia das pessoas em definir seu futuro através
de suas próprias decisões?
Seja
por livre-arbítrio, seja por obra do destino, em 24 de março de 1844 nascia um
homem cujas ações mudariam por completo a história de uma pequena região verde
encravada no meio do árido sertão brasileiro.
Ordenado
em 1870, o padre cratense Cícero Romão Batista chegaria à localidade de
Joaseiro em abril de 1872. Sem gostar de andar a cavalo, Pe. Cícero só veio a
pedido de dois amigos próximos, e mesmo assim, já planejava uma viagem
definitiva para Fortaleza, onde pretendia regressar como professor do Seminário
Diocesano.
Contudo,
um surpreendente sonho foi o estopim da reviravolta em sua vida. Neste sonho,
Cristo aparecia juntamente com seus apóstolos na escola onde Pe. Cícero dormia
provisoriamente. Ao mesmo tempo, humildes nordestinos surgiam em busca do
Salvador. Após pregar para os camponeses, Jesus teria ordenado: “Padre Cícero,
tome conta deles!”
Daí
por diante, humildemente Pe. Cícero acatou as ordens do maior de todos os seus
superiores e permaneceu na pequena vila de Joaseiro.
Passados
alguns anos, em 1889 acontece o grande episódio. Ao ministrar a hóstia sagrada
para Maria de Araújo, Pe. Cícero assiste ao sangue de Cristo ser derramado
novamente perante os homens. Um milagre ou um sacrilégio?
Para
as autoridades da época, milagres só aconteciam na tradicional Europa. Ao pobre
sertão nordestino, restariam apenas as farsas!
Como
defensor do milagre e vítima de muitas calúnias, Pe. Cícero teve suas ordens
sacerdotais suspensas. Obedeceu ao injusto castigo imposto, contudo sempre
buscou incansavelmente a sua reabilitação, tarefa pela qual não obteve sucesso
em virtude da posição irredutível de seus adversários.
Mas
o que lhe faltou como documento oficial, por outro lado, foi multiplicado ao
infinito no coração de todo povo sertanejo. Conselheiro em vida, hoje é
aclamado como santo popular do Nordeste, aquele que viveu e sentiu de perto
todas as agruras da vida desta população outrora esquecida pelos governos.
Magnífica
é a explicação de uma humilde romeira: “Meu padrinho é nosso santo porque
enquanto os outros santos estão bem confortáveis num cantinho especial nas
igrejas ele toma Sol igual com a gente!”
Paulo Leonardo Celestino