Recentemente precisei viajar para Recife a fim de resolver
assuntos particulares. Ao chegar à rodoviária de Juazeiro para comprar a minha
passagem eis a surpresa: não existia mais o guichê da empresa Princesa do
Agreste. Fui informado que a mesma faliu, e a tradicional linha Crato-Recife
ficou sob responsabilidade da Viação Cruzeiro.
O Cariri
sempre se identificou muito com a capital pernambucana. Até o final dos anos
90, era intensa a movimentação de estudantes universitários caririenses. O
nosso sotaque sempre foi uma mistura entre o cearense do litoral e o
pernambucano. E não é à toa a existência do tradicional bloco “Virgens do Crato”,
os bonecos gigantes na Festa de Santo Antônio em Barbalha, dentre tantas
influências.
Como
intermediários desta ligação cultural Cariri-Recife estavam os famosos ônibus da Princesa do Agreste. Desde o “pinga-pinga”
até os ônibus-leito, as famílias caririenses atravessavam a madrugada no sertão
pernambucano tanto como forma de passeio, comércio ou em busca do ensino
universitário, ainda incipiente por aqui na época.
Lembro do medo
dos assaltos, do frio insuportável de um ar condicionado sem controle de
temperatura, do choro da despedida de pais e filhos. Eu mesmo fiz esta maratona
por diversos anos. Iniciando criança com meu saudoso avô, Aloísio Oliveira, até
a minha formatura. No período universitário, apenas em alguns feriados
prolongados e nas férias eu podia estar no meu amado Cariri. Em todas as vindas,
ao avistar a estátua do meu padim bem de longe, com o ônibus passando pelos
canaviais de Barbalha, lágrimas enchiam meus olhos.
Mas agora
tudo acabou. Afinal, na vida nada material é eterno. Permanecem as memórias!
Paulo Leonardo Celestino